Poucas pessoas discutiriam o fato que o Espírito Santo, de alguma maneira, habita no cristão. Paulo escreveu aos santos em Corinto: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós” (1 Coríntios 6:19). Ele também escreveu: “E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Romanos 8:9). Há bastante discordância, porém, sobre a questão de como o Espírito habita num cristão. Não é nosso propósito nesse pequeno artigo tratar aquele assunto, mas queremos sugerir três fatos que precisam ser lembrados quando alguém estuda essa questão.
1. A época de milagres já terminou. As únicas pessoas na época do evangelho que realizaram milagres foram aquelas que receberam o batismo do Espírito Santo (Atos 2:1-4; 10:44-46) ou aquelas que receberam dons espirituais pela imposição das mãos dos apóstolos (Atos 8:5-23; 19:1-7). Ninguém recebe nenhuma dessas duas coisas hoje. O propósito dos milagres foi para revelar e confirmar a verdade (1 Coríntios 2:7-13; Marcos 16:19-20). Uma vez que toda a verdade já tem sido revelada (João 16:13), não há mais necessidade de milagres. A nossa conclusão sobre a maneira que o Espírito Santo habita nos cristãos tem que concordar com esse fato.
2. O cristão é conduzido pelo Espírito por meio das Escrituras, a palavra de Deus (Salmo 119:105; 2 Timóteo 3:16-17; Efésios 3:3-4). Ele não tem alguma voz interna, distinta das Escrituras, que de alguma maneira o guia a conclusões infalíveis em relação à verdade. Também não há nada nas Escrituras que sugere que a providência de Deus funciona através da habitação do Espírito. Conseqüentemente, a pessoa comete um erro grave se ela interpreta seus sentimentos ou pensamentos subjetivos como fossem algum tipo de mensagem dada pela presença do Espírito nela.
3. Afirmações sobre a habitação do Espírito nos cristãos não foram colocadas nas Escrituras como “problemas” para serem resolvidos. Foram colocadas lá para nos assegurar e nos consolar. Um cristão mantém uma comunhão íntima com a divindade – tão íntima que pode se dizer que ele habita na divindade e a divindade habita nele. Nas perseguições, provações, tentações e na morte, seu conhecimento deste relacionamento íntimo o sustém e o ajuda a ser vitorioso em Cristo. Os apóstolos nunca sentiram a necessidade de explicar como essa habitação acontece. Pentecostalismo e outras idéias erradas sobre o Espírito Santo forçam o cristão da nossa época a se preocupar com essa questão. Se, porém, afirmações sobre a habitação do Espírito se tornam principalmente um problema para ser resolvido; se sua preocupação sobre como o Espírito habita nele o cega ao fato que ele realmente habita, ele comete um grande erro e pode não alcançar o gozo e a consolação que deve adquirir através da promessa do Senhor.
Diferenças continuarão, mas se lembrarmos sempre esses três fatos, devemos conseguir evitar conclusões perigosas em relação a esta questão.