Sem ela, não temos outra esperança. Que tal olhá-la mais uma vez?
Vamos admirá-la juntos. Enquanto nos aproximamos, não assuma que você já conhece ou compreende tudo o que aconteceu ali. Aproxime-se da Cruz como se fosse a primeira vez. Enquanto você lê, recuse-se a deixar que a cena se torne familiar. Deixe a sua realidade chocá-lo e quebrar seu coração: “A face que Moisés implorou para ver, e que foi proibido, estava ensanguentada (Êx 33:19-20). Os espinhos que Deus havia enviado para amaldiçoar a rebelião da terra agora estavam retorcidos sobre a sua própria face… “Para trás!” Alguém levanta um martelo para acertar o prego. Mas o coração do soldado precisa continuar batendo enquanto ele posiciona o pulso do prisioneiro. Alguém deve suster a vida do soldado minuto a minuto, pois nenhum homem possui poder por conta própria. Quem dá o fôlego aos seus pulmões? Quem dá energia à suas células? Quem mantém suas moléculas unidas? Somente através do Filho que todas as coisas une (Cl 1:17). A vítima deseja que o soldado continue a viver – ele concede ao guerreiro a sua existência. O homem desfere o golpe. Enquanto ele desfere o golpe, o Filho se lembra quando Ele e o Pai criaram pela primeira vez o nervo mediano do antebraço humano – as sensações que seria capaz de produzir. O projeto se mostra impecável – o nervo se comporta perfeitamente. “Para cima!” Eles levantam a cruz. Deus está exposto em suas roupas íntimas e mal consegue respirar. Mas estas dores são somente um aquecimento para sua outra crescente morte. Ele começa a sentir uma sensação diferente. Em algum momento do dia um odor estranho começou a surgir, não em seu nariz, mas em seu coração. Ele se sente sujo. A impiedade humana começa a impregnar o seu imaculado ser – vivo excremento saído de nossas almas. A menina dos olhos de Deus se torna um ser desprezível.
Seu Pai. Ele deve enfrentar seu Pai dessa forma. No céu, o Pai agora se levanta como um leão incomodado, balança sua juba, e ruge contra o resto do homem que está pendurado na cruz. Nunca o Filho viu o Pai olhá-lo desta forma, Ele nunca sentiu este bafo quente sobre si. Mas o rugido estremece o mundo invisível e escurece o céu. O Filho não reconhece estes olhos. “Filho do Homem! Por que se comportou assim? Você enganou, cobiçou, roubou, fofocou – assassinou, invejou, odiou, mentiu. Amaldiçoou, comeu demais, gastou demais – fornicou, desobedeceu, blasfemou. Oh, as obrigações que você não cumpriu, as crianças que abandonou! Quem ignorou os pobres, foi covarde, falou meu nome em vão? Você alguma vez conteve sua língua? Seu bêbado imprestável – você, que molesta garotos, vende drogas que matam, zomba de seus pais. Quem lhe deu a ousadia de fraudar eleições, fomentar rebeliões, torturar animais e adorar demônios? A lista não acaba! Dividindo famílias, estuprando virgens, contrabandeando, agindo como cafetão – comprando políticos, filmando pornografia, aceitando suborno. Você queimou prédios, cometeu atos terroristas, fundou falsas religiões, comerciou escravos – contando cada centavo e se vangloriando em tudo. Eu odeio, desprezo estas coisas em você! O desgosto por todas estas coisas em você me consome! Você consegue sentir a minha ira?”
É claro que o Filho é inocente. Ele não possui culpa em si mesmo. O Pai sabe disso. Mas este par divino possui um acordo, e o impensável agora acontece. Jesus será tratado como se fosse pessoalmente responsável por cada pecado cometido. O Pai observa o tesouro de seu coração, a imagem refletida de si mesmo, afundar em podre pecado líquido. A ira acumulada de Jeová contra a humanidade durante séculos explode numa única direção. “Pai! Pai! Por que me desamparaste?!” Mas o céu não ouve. O Filho olha para cima para Aquele que não pode, não irá, ouvir e responder. A Trindade havia planejado isso. O Filho suportou isso. O Espírito o capacitou. O Pai rejeitou o Filho a quem amava. Jesus, o Deus-homem de Nazaré, pereceu. O Pai aceitou o seu sacrifício pelo pecado e estava satisfeito. O resgate estava completo.” Não se afaste rapidamente desta cena. Continue a admirar. O resgate pago ali foi por você. John Stott escreve: “antes que possamos começar a ver a Cruz como algo feito para nós (nos conduzindo a fé e a adoração) temos que vê-la como algo feito por nós (nos conduzindo ao arrependimento). Assim, quando vislumbrarmos a Cruz, podemos dizer tanto: ‘Eu fiz isso, meu pecado O enviou ali e ‘Ele fez isso, Seu amor O levou ali.’ Alguém uma vez disse: carregamos os pregos em nossos bolsos, todos os dias.
Retirado do livro “Garoto encontra garota” de Joshua Harris com trecho do livro “Quando Deus chora” (When God Weeps) de Steven Estes e Joni Eareckson.
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